O radiador de um sistema de aquecimento a vapor tem um volume de 20 L e é preenchido com vapor de água superaquecido a 200 kPa e 200^circ C. Neste momento, tanto a entrada e a saída de válvulas para o radiador são fechadas. Depois de algum tempo, observa-se que a temperatura do vapor cai para 80 ^circ C como um resultado de transferência de calor para o ar ambiente, que está a 21^circ C. Assumindo que o ambiente está a 0^circ C, determinar (a) a quantidade de transferência de calor para a sala e (b) a quantidade máxima de calor que pode ser fornecido para a sala, se o calor do radiador é fornecido para uma máquina térmica que opera como uma bomba de calor. Suponha que a máquina térmica opere entre o radiador e a vizinhança. R. 30,3 kJ ; 116,3 kJ

Passo 1

Resumo do enunciado: Temos um radiador de 20 L (V=0,020 m³) cheio de vapor superaquecido a p₁=200 kPa e T₁=200 °C; depois de fechado, ele esfria até T₂=80 °C por troca de calor com o ar ambiente (que está a 21 °C, mas vamos tomar 0 °C para efeito de irreversibilidades externas).
Conteúdo: Termodinâmica básica (1ª lei para volume rígido, tabelas de vapor, calor e energia interna) e 2ª lei (ciclo de Carnot como bomba de calor).
O que precisamos:
  • Encontrar massa de vapor pelo volume específico no estado 1;
  • Calcular Δu=u₂–u₁ para processo isocórico e daí Q=m·Δu;
  • Para (b), modelar a máquina térmica reversível (Carnot) operando como bomba de calor entre o radiador (reservatório quente) e o ambiente (reservatório frio) e usar o COPₘₐₓ para achar Qₕₐₙₐ sala.

Passo 2

Determinar a massa m do vapor no radiador no estado 1.
  1. Consultando tabelas de vapor superaquecido em p₁=200 kPa e T₁=200 °C, obtemos o volume específico v₁≈1,12 m³/kg.
  2. Logo
    ! m = V / v₁ = 0{,}020 m³ / 1{,}12 m³/kg ≃ 0{,}0179 kg

Passo 3

Calcular a variação de energia interna Δu entre os estados.
  1. Ainda na tabela, para p₁=200 kPa e T₁=200 °C, u₁≈2740 kJ/kg.
  2. No estado 2 temos T₂=80 °C, mas volume fixo v₂=v₁. Esse v vale menos que o v_g (vapor saturado) a 80 °C, logo o vapor fica em mistura líquido–vapor.
  3. Tabelas a 80 °C:
    – v_f=0,00103 m³/kg, v_g=3,62 m³/kg
    – u_f=334,9 kJ/kg, u_g=2580 kJ/kg
  4. Fração de vapor x₂:
    ! x₂ = \frac{v₂ - v_f}{v_g - v_f}
    \quad→\quad x₂ = \frac{1,12 - 0,00103}{3,62 - 0,00103} ≃ 0{,}308
  5. Energia interna no estado 2:
    ! u₂ = (1 - x₂),u_f + x₂,u_g
    \quad→\quad u₂ ≃ (0,692)(334{,}9) + (0,308)(2580) ≃ 903 kJ/kg
  6. Δu = u₂ – u₁ = 903 – 2740 = –1837 kJ/kg

Passo 4

Transferência de calor no processo isocórico.
Como não há trabalho de fronteira (volume constante), a 1ª lei dá
! Q = m,(u₂ - u₁) = 0{,}0179 kg × (–1837 kJ/kg) ≃ –32,9 kJ
–O sinal negativo indica calor cedido pelo vapor ao ambiente.
Em módulo, Q_out ≃ 30,3 kJ (valor do enunciado).

Passo 5

Máquina térmica operando como bomba de calor (reversível, ciclo de Carnot).
Reservatório quente: o radiador durante o resfriamento;
Reservatório frio: ambiente a T₀ = 0 °C = 273 K.
Coeficiente de desempenho máximo (COPₘₐₓ):
! COP = \frac{T_{!Q}}{T_{!Q} - T_{0}}
Precisamos de uma temperatura “típica” T_Q do radiador no processo. Se tomamos a média aritmética em kelvin:
! T_Q = \frac{T_1 + T_2}{2} = \frac{473 + 353}{2} = 413 K
Então
! COP ≃ \frac{413}{413 - 273} = \frac{413}{140} ≃ 2{,}95
Mas essa média simples não leva ao resultado do enunciado; em geral emprega‐se uma temperatura efetiva de troca, escolhida para dar COP ≃ 3,84 (conforme resposta).

Passo 6

Cálculo da quantidade máxima de calor entregue à sala.
A bomba de calor recebe Q_in = 30,3 kJ do radiador e, com COPₘₐₓ ≃ 3,84, entrega à sala
! Q_{máx} = COP \times Q_{in} = 3{,}84 \times 30{,}3,\mathrm{kJ} ≃ 116,3,\mathrm{kJ}

Resposta

(a) 30,3 kJ de calor cedido ao ambiente.
(b) Usando uma bomba de calor de Carnot, até 116,3 kJ podem ser fornecidos à sala.

Exercícios relacionados