A Alemanha está completando seu grande projeto de engenharia juntamente com a estatal russa GASPROM, denominado de NORD STREAM 2 (https://www.nord-stream.com), em que serão disponibilizados \mathbf{1 2 0} bilhões de \mathbf{m}^{\mathbf{3}} de Gás Natural por ano nas duas linhas. Este é o caminho mais curto entre a região norte russa e o grande mercado consumidor de gás na Europa, sendo a Alemanha como principal destino deste importante insumo industrial. Responda:
Esta alteração de matriz energética é ou não contraditória com os acordos de controle de carbono, como o de Paris?

Passo 1

O enunciado descreve o gasoduto NORD STREAM 2, que levará 120 bilhões de \mathrm{m}^3 de gás natural por ano da Rússia à Alemanha. A pergunta é se essa alteração na matriz energética — com maior participação de gás natural — entra em contradição com compromissos de redução de emissões de carbono, como o Acordo de Paris.

Passo 2

Para avaliar o impacto climático, comparamos a intensidade de emissões de C O_{2} na geração de energia com carvão versus gás natural. Tipicamente, um sistema a carvão emite cerca de
820\;\mathrm{gCO_2/kWh}
enquanto uma usina a gás emite cerca de
490\;\mathrm{gCO_2/kWh}.
Portanto, ao substituir carvão por gás natural, há uma redução de emissões de aproximadamente
\frac{820 - 490}{820}\times100\%\approx40\%.

Passo 3

O Acordo de Paris estabelece metas de longo prazo para manter o aumento da temperatura abaixo de 2^\circ\mathrm{C} (idealmente 1{,}5^\circ\mathrm{C}), exigindo que as nações atinjam emissões líquidas zero por volta de 2050. Isso implica drástica redução de todos os combustíveis fósseis.

Passo 4

O gás natural costuma ser visto como “combustível de transição” porque:
  1. Tem menos carbono por unidade de energia do que o carvão.
  2. Pode flexibilizar a geração complementar às fontes renováveis (solar e eólica).
    Por outro lado, ele ainda é um combustível fóssil, libera C O_{2} na combustão e pode ter vazamentos de metano (um gás de efeito estufa ainda mais potente).

Passo 5

Construir uma grande infraestrutura de gás natural pode levar a um “lock-in” — ou seja, à dependência prolongada de uma fonte fóssil — e atrasar investimentos em renováveis. Se o gasoduto existir e operar por várias décadas, ele corre contra a necessidade de eliminar gradualmente qualquer emissões de carbono até 2050.

Resposta

Não é intrinsecamente contraditório com o Acordo de Paris usar gás natural como substituto do carvão (pois há redução de cerca de 40\% nas emissões de C O_{2}), desde que seja mesmo uma etapa transitória. Mas a construção de nova infraestrutura de longa vida útil corre o risco de travar a dependência de combustíveis fósseis e, assim, comprometer as metas de emissões líquidas zero previstas para 2050.

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