Compare a corrosão intergranular de um aço inoxidável austenítico com a de um aço inoxidável ferrítico, relacione esse tipo e corrosão com a soldabilidade do aço inoxidável austenítico.
Passo 1
Beleza, primeirão a gente vai entender o que o enunciado pede. Ele quer que a gente:
- compare a corrosão intergranular num aço inox austenítico com num aço inox ferrítico;
- relacione esse tipo de corrosão com a soldabilidade do inox austenítico.
O conteúdo envolve microestrutura de inox (austenítico vs ferrítico), mecanismos de corrosão intergranular (sensibilização, precipitação de carbonetos) e noções de soldagem (zona afetada pelo calor e como isso interfere na corrosão).
Passo 2
Explicando a teoria da corrosão intergranular:
- Corrosão intergranular é quando o ataque químico avança ao longo dos contornos de grão, meio que “descolando” os grãos.
- Nos aços inox, isso acontece porque carburetos de cromo do tipo
precipitam nos contornos de grão quando a temperatura fica entre cerca de 450 °C e 850 °C. - Esses carbonetos “roubam” o Cr dos contornos, deixando ali uma faixa pobre em Cr (< 12 % Cr), ou seja, onde a passivação não acontece direito e a corrosão se inicia. Esse fenômeno chama-se sensibilização.
Passo 3
Comparando austenítico × ferrítico:
- Austenítico (Série 300):
• Estrutura cúbica de face centrada (fcc) com bom teor de C dissolvido.
• Alta solubilidade de C leva à formação fácil denos contornos quando esfria devagar.
• Forte risco de corrosão intergranular se for “sensibilizado”. - Ferrítico (Série 400):
• Estrutura cúbica de corpo centrado (bcc) e teor de C baixíssimo (normalmente < 0,02 %).
• Pouco carbono disponível para formar carbonetos de cromo nos contornos.
• Praticamente não sofre corrosão intergranular por sensibilização.
Passo 4
Ligando com a soldabilidade do inox austenítico:
- Na soldagem, a zona termicamente afetada (ZTA) do inox austenítico aquece nessa faixa de 450 °C–850 °C e depois esfria, exatamente onde rola a precipitação de
. - Se o inox não for de baixa C (“L” – ex: 304L) ou não tiver Ti/Nb para formar carbonetos estáveis, a solda deixa a ZTA sensibilizada.
- Aí a parte soldada fica vulnerável à corrosão intergranular, especialmente em ambiente agressivo.
Resposta
Aços inox austeníticos são sensíveis à corrosão intergranular por formarem carbonetos de cromo (
) nos contornos de grão quando aquecidos na faixa de 450 °C–850 °C, fenômeno que não ocorre em inox ferrítico devido ao baixo teor de C. Na soldagem do inox austenítico, a zona aquecida passa por essa faixa térmica, causa sensibilização e, se não for usada uma liga de baixo carbono ou estabilizada, leva à corrosão intergranular da junta.