Por que há movimentos sobre a alteração do horário de verão e até mesmo a sua revogação sob o aspecto de 4 etapas do sistema elétrico (geração, transmissão, distribuição e consumo)?

Passo 1

O enunciado pergunta por que estão surgindo propostas para alterar ou até revogar o horário de verão levando em conta as quatro etapas do sistema elétrico: geração, transmissão, distribuição e consumo. Vamos entender como cada uma dessas etapas é impactada pela mudança no relógio.

Passo 2

Na geração de energia, o horário de verão visa deslocar o pico de consumo para horas em que há mais insolação, reduzindo a necessidade de despacho de usinas térmicas caras. Porém, com o mix atual cada vez mais baseado em hidrelétricas e fontes renováveis intermitentes (eólica e solar), o benefício de reduzir um punhado de megawatts na ponta da tarde ficou pequeno. Estudos recentes mostram que a economia real na quantidade de combustível e horas de usinas térmicas disparadas é marginal.

Passo 3

Na transmissão, os ganhos do horário de verão vêm da redução de fluxo de ponta nas linhas nesse horário de maior demanda. Mas, como o pico apenas é deslocado para mais cedo ou mais tarde, muitas vezes as cargas em horários críticos de manhã ou no início da noite acabam se mantendo altas ou até crescendo (por exemplo, uso de ar-condicionado ao anoitecer). Isso altera o perfil de carregamento das linhas, sem necessariamente reduzir os custos de reforço ou perdas em transmissão de forma significativa.

Passo 4

Na distribuição, o que importa é a coincidência de carga com as capacidades dos transformadores e cabos de baixa tensão. Se o pico só muda de hora mas não de magnitude, as concessionárias continuam precisando reforçar postes e transformadores para suportar aquele ponto crítico de consumo. A diferença no fatiamento do dia não reduz o investimento em rede ou as perdas na distribuição de modo relevante.

Passo 5

No consumo, a ideia original é economizar energia de iluminação ao aproveitar luz natural no fim do dia. Mas com lâmpadas LED, sensores automáticos e mudança nos hábitos (mais eletrônicos, ar-condicionado e menos uso de lâmpadas incandescentes), a economia domiciliar e comercial se diluiu. Em contrapartida, existe reclamação de impactos na saúde (sono) e no comércio, o que levou a questionar se os poucos megawatts economizados compensam esses transtornos.

Resposta

As propostas de mudança ou revogação do horário de verão surgem porque os ganhos energéticos são hoje muito pequenos em geração, transmissão e distribuição—devido ao mix moderno de usinas e à evolução tecnológica—enquanto o deslocamento do pico de consumo não reduz significativamente custos de rede, e ainda pode trazer impactos sociais e operacionais que superam os benefícios residuais.

Exercícios relacionados