Por que na lavagem de precipitados formados por suspensões coloidais, a lavagem do mesmo não deve ser realizada com água?

Passo 1

O enunciado pergunta por que, ao isolar por filtração ou centrifugação um precipitado originado de uma suspensão coloidal, não devemos lavá-lo com água pura. O conteúdo aqui é Química Física de coloides, em particular o fenômeno de peptização de precipitados coloidais.

Passo 2

Uma suspensão coloidal é formada por partículas muito pequenas (1–1000 nm) dispersas num meio contínuo. Essas partículas ficam estáveis em suspensão porque carregam na superfície uma carga elétrica e atraem ao redor delas contra-íons, formando a chamada dupla camada elétrica. Essa dupla camada gera forças de repulsão entre partículas, evitando que elas se agreguem.

Passo 3

Quando adicionamos água destilada (de baixa força iônica) a esse precipitado coloidal, a concentração de íons no meio cai muito. Isso faz com que a espessura da dupla camada aumente (o comprimento de Debye cresce), reduzindo o balanço entre forças de atração e repulsão. O resultado é a peptização: as partículas se repelem tão fortemente que voltam a se dispersar, ou seja, o precipitado “se desfaz” e forma novamente uma suspensão.

Passo 4

Para evitar essa redispersão, a lavagem de precipitados coloidais deve ser feita com uma solução contendo íons do mesmo tipo que estão na dupla camada (por exemplo, um eletrólito neutro de concentração adequada) ou com solventes orgânicos que não alterem drasticamente a força iônica. Assim, mantém-se a estabilidade da camada de íons e o precipitado continua coalescido, permitindo sua recuperação.

Resposta

Não se usa água pura porque ela reduz a força iônica do meio, aumenta a espessura da dupla camada elétrica e provoca a peptização do precipitado, fazendo-o redispersar em vez de permanecer agregado.

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