Sucede [-] que neste ponto não há similaridade de caso entre as artes e as virtudes, porque os produtos das primeiras têm a sua bondade própria, bastando que possuam determinado caráter; mas porque os atos que estão de acordo com as virtudes tenham determinado caráter, não se segue que sejam praticados de maneíra justa ou temperante. Também é mister que o agente se encontre em determinada condịção ao praticá-los: em primeiro lugar deve ter conhecimento do que faz; em segundo, deve escolher os atos, e escolhê-los por eles mesmos; e em terceiro, sua açăo deve proceder de um caráter firme e imutável. Estas não são consideradas como condiçōes para a posse das artes, salvo o simples conhecimenta; mas como condięño para a posse das virtudes o conhecimento pouco ou reahum peso tem, ao passo que as outras condiçôes - isto é, aquelas mesmas que resultam da prática amiudada de atos justos e temperantes - săo, numa palavra, tudo.
a) Quais são os critérios para avaliar moralmente o sujeito de uma ação?
b) É possivel uma ação ser virtuosa independentemente de quem a pratioue? Dé um exemplo.
a) Quais são os critérios para avaliar moralmente o sujeito de uma ação?
b) É possivel uma ação ser virtuosa independentemente de quem a pratioue? Dé um exemplo.
Passo 1
O texto explica que, ao contrário das artes (techne), cujos produtos só exigem um “caráter” técnico para serem bons, as virtudes exigem não apenas que o ato em si seja do tipo justo ou temperante, mas também que o agente reúna três condições fundamentais para que sua ação seja verdadeiramente virtuosa.
Passo 2
As três condições para que um ato seja moralmente virtuoso — isto é, para que possamos avaliar positivamente o sujeito que o pratica — são:
- Conhecimento: o agente deve saber o que faz e por que faz, entendendo o valor moral da ação.
- Escolha deliberada pelo próprio ato: o agente deve escolher o ato por saber que ele é bom, não movido por mera compulsão ou interesse externo.
- Caráter firme e imutável: o agente deve ter uma disposição estabelecida pela prática repetida de atos virtuosos, de modo que sua escolha seja estável e provenha de um hábito virtuoso.
Passo 3
Segundo o texto, a virtude está no agente e em sua disposição interior; portanto, um ato isolado, feito sem alguma dessas condições, não é realmente virtuoso — embora possa parecer bom. Por isso, não se pode afirmar que uma ação seja virtuosamente moral independentemente de quem a pratica.
Resposta
a) Os critérios são:
- o agente ter conhecimento do que faz;
- o agente escolher o ato por si mesmo, reconhecendo seu valor moral;
- o ato proceder de um caráter firme e inabalável (hábito virtuoso).
b) Não. Exemplo: alguém que dá dinheiro a um sem-teto apenas para aparecer bem na foto ou por medo de retaliação não age virtuosamente, pois lhe faltam a escolha desinteressada e o caráter firme que definem uma ação virtuosa.