Classifique os vertedores em função do seu formato e aplicação, e cite exemplos de uso típico para cada tipo.

Passo 1

O enunciado pede para a gente listar e diferenciar os principais tipos de vertedor (ou “borda de transbordo”) conforme o formato da crista e a aplicação prática de cada um. Para isso vamos ver primeiro as categorias gerais, depois citar exemplos típicos de cada vertedor e onde eles costumam ser usados.

Passo 2

Vertedor agudo (sharp-crested)
Descrição: tem crista fina e saliente, geralmente reta e com bisel zerado, de maneira que a lâmina d\’água se descola facilmente da borda.
Aplicação: principalmente medição de vazão em canais ou condutos abertos, pois sua descarga segue fórmulas bem conhecidas e com pouca interferência do nível a jusante.
Exemplo típico: vertedor retangular CETI (ou vertedor de Kindsvater– Shen) usado em laboratórios de hidráulica para calibração de fluxos.

Passo 3

Vertedor em V ou triangular
Descrição: crista em ângulo (por ex. 90circ ou 60circ) formando um “V”. É um caso especial de vertedor agudo, mas com forma triangular.
Aplicação: medição de pequenas vazões com precisão, pois a relação entre altura “H” e vazão “Q” é muito sensível para baixas descargas.
Exemplo típico: vertedor triangular de 90circ em estações de monitoramento de efluentes industriais de baixo caudal.

Passo 4

Vertedor trapezoidal (Cipolletti)
Descrição: crista reta, mas com faces laterais inclinadas (típico 1: 4) de forma que a descarga seja proporcional à altura mesmo sem bisel perfeito.
Aplicação: medição de vazão em canais agrícolas ou estações de tratamento, quando se busca uma instalação mais robusta e menos suscetível a danos que o sharp-crested puro.
Exemplo típico: vertedor Cipolletti em canais de irrigação, porque tolera pequenas obstruções e não exige rebarbas extremamente finas.

Passo 5

Vertedor de crista larga (broad-crested)
Descrição: crista ou sarjeta de largura significativa (comparável à profundidade do escoamento), de modo que há região de escoamento crítico no topo.
Aplicação: controle de nível e dissipação de energia em barragens e canalizações, pois seu comportamento não é tão sensível às variações de jusante e garante escoamento uniforme.
Exemplo típico: vertedor de calha larga em bordas de represas ou canal de descarga de estação elevatória.

Passo 6

Vertedor ogival (ogee)
Descrição: perfil curvo em forma de “S” invertido, projetado para seguir a linha de superfície crítica teórica de um escoamento com boa adaptação hidráulica.
Aplicação: vertedouros de barragens de grande porte, onde se busca minimizar a cavitação e maximizar a capacidade de descarga em cheias.
Exemplo típico: vertedouro principal de uma barragem de contenção, com crista ogival moldada em concreto para altas vazões.

Passo 7

Vertedor labiríntico e lateral
Descrição labiríntico: crista em forma de “Z” ou “labirinto” para aumentar o comprimento de escoamento dentro de uma largura limitada.
Descrição lateral: abre passagem no flanco do canal principal, desviando parte da vazão.
Aplicação labiríntico: quando o espaço transversal é curto, mas precisa-se de grande capacidade de descarga (ex.: rodovias, diques urbanos).
Aplicação lateral: em canais de irrigação ou rios, para tirar vazão secundária sem interromper o fluxo principal.
Exemplos típicos:
– Labiríntico em diques costeiros para proteger áreas baixas.
– Lateral numa estação de redistribuição de água em pivôs centrais de irrigação.

Resposta

Os vertedores podem ser classificados assim:
– Sharp-crested (reta fina): medição em laboratório, e.g. vertedor de Kindsvater–Shen.
– Triangular (V-notch): controle de pequenas vazões, e.g. estação de efluentes.
– Trapezoidal (Cipolletti): medição em canais agrícolas.
– Broad-crested (crista larga): controle de nível em barragens e estações elevatórias.
– Ogee (perfil S): vertedouros de barragens de grande porte.
– Labiríntico: alta capacidade em espaços reduzidos, e.g. diques costeiros.
– Lateral: desvio de vazão em canais de irrigação.

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