Considerando os diferentes processos de deterioração das estruturas de concreto, explique:
iii) Alterações iniciais na superfície do concreto e o efeito a longo prazo.

Passo 1

O enunciado pede para explicar quais são as alterações iniciais que ocorrem na superfície do concreto e como essas mudanças repercutem no comportamento da estrutura ao longo do tempo. O conteúdo envolve os mecanismos de deterioração superficial—como microfissuração plástica, eflorescência, carbonatação inicial e exsudação de água—e seus efeitos na durabilidade.

Passo 2

As primeiras alterações aparecem logo após a cura inicial do concreto e decorrem de processos físicos e químicos na microestrutura da camada de contato com o ambiente. Entre elas destacam-se:
– Microfissuração por retrações plásticas e por secagem: aparecem fissuras muito finas (microscópicas) quando a água de amassamento migra para a superfície e evapora irregularmente.
– Eflorescência: deposição de sais solúveis (normalmente sulfatos e bicarbonatos de cálcio) quando a água ascende por capilaridade e depois evapora, deixando sais aparentes como “poeira branca”.
– Exsudação (bleeding): movimento de água livre para cima, que concentra partículas finas na superfície e pode gerar pó solto (dusting) quando a película superficial é fraca.
– Carbonatação superficial inicial: o dióxido de carbono do ar reage com hidróxido de cálcio do cimento gerando carbonato de cálcio, reduzindo o pH da camada superficial.

Passo 3

Essas alterações iniciais rompem ou fragilizam a camada de passivação natural que protege as armaduras:
– As microfissuras aumentam a porosidade e a conectividade de poros, facilitando o ingresso de cloretos, dióxido de carbono, sulfatos e até água em geral.
– A eflorescência indica movimentação de íons e, ao dissipar sais, altera o equilíbrio iônico na superfície, contribuindo para reduzir o pH local.
– A carbonatação superficial diminui o pH do concreto de cerca de 12,5 13 para valores em torno de 9 ou menos, o que já não mantém o ferro em ambiente passivo.

Passo 4

A longo prazo, essas condições iniciais aceleram a deterioração interna e a corrosão das armaduras:
– A penetração de dióxido de carbono prossegue para o interior, aprofundando a zona carbonatada e diminuindo cada vez mais o pH.
– Cloretos e sulfatos que entram pelas microfissuras alcançam as armaduras e geram corrosão localizada, produzindo óxidos que ocupam volume maior que o ferro metálico, provocando fissuração secundária e desplacamento do cobrimento.
– O efeito combinado de microfissuração, redução de pH e corrosão causa queda de resistência, aumento de permeabilidade e, no estágio avançado, perda de seção das barras, comprometendo a segurança e exigindo intervenções de reparo.

Resposta

As alterações iniciais na superfície do concreto—microfissuração plástica e por secagem, eflorescência, exsudação e carbonatação superficial—aumentam a porosidade e reduzem o pH local, rompendo a camada passiva das armaduras. A longo prazo, isso facilita a entrada de C O_{2}, cloretos e sulfatos, gera corrosão das armaduras, expansão de produtos de corrosão, fissuração secundária e perda de cobrimento, reduzindo a durabilidade e a vida útil da estrutura.

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