As dessaturases de mamíferos não catalisam a síntese de insaturações em determinadas posições. Quais são? Qual a consequência disso?
Passo 1
Beleza, vamos recapitular o que a questão pede. Ela fala das dessaturases de mamíferos (que são enzimas que colocam ligações duplas em ácidos graxos) e pergunta:
- Em quais posições essas enzimas NÃO conseguem introduzir double bonds?
- Qual a consequência disso para o organismo?
Conteúdo envolvido: metabolismo de ácidos graxos, especificamente a ação das dessaturases (Δ-enzimas) e conceito de ácidos graxos essenciais.
Passo 2
Antes de mais nada, o que faz uma dessaturase?
- Uma dessaturase nomeada como Δn coloca uma dupla ligação entre o carbono n e n+1, contando a partir do grupo carboxila (–COOH).
- Exemplo: Δ9 dessaturase insere uma dupla em C9–C10.
Nos mamíferos, já sabemos pela bioquímica que temos Δ9, Δ6 e Δ5 dessaturases, mas não temos Δ12 nem Δ15.
Passo 3
Por que não temos Δ12 e Δ15?
- Evolutivamente, nossos genes codificaram apenas as enzimas até Δ9, Δ6 e Δ5.
- Isso significa que, para colocar uma dupla em posição 12 ou 15, não existe enzima em mamíferos.
Na prática: não conseguimos converter o ácido palmítico (16:0) até formar, por exemplo, ácido linoleico (18:2 Δ9,12) nem ácido α-linolênico (18:3 Δ9,12,15) por vias endógenas.
Passo 4
Consequência direta:
- Os ácidos graxos linoleico (LA, 18:2 Δ9,12) e α-linolênico (ALA, 18:3 Δ9,12,15) não são sintetizados.
- Eles passam a ser chamados de ácidos graxos essenciais, porque precisamos obtê-los na dieta (óleo de soja, linhaça etc.).
Sem LA e ALA, faltam cadeias para gerar derivados importantes como prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos (eicosanoides).
Passo 5
Recapitulando a teoria:
- Dessaturases Δn só atuam em posições onde existem genes correspondentes (Δ5, Δ6, Δ9 em mamíferos).
- Ausência de Δ12 e Δ15 → sem síntese de LA e ALA.
- Esses ácidos viram precursores de mensageiros lipídicos cruciais.
Resposta
Mamíferos não têm dessaturases nas posições Δ12 e Δ15. Como consequência, não conseguem fabricar internamente o ácido linoleico (18:2 Δ9,12) nem o α-linolênico (18:3 Δ9,12,15), tornando esses ácidos graxos essenciais que devem vir da dieta.