Explique como se dá o alívio de tensões na recuperação e se ocorre alteração perceptível na microestrutural do material.
Passo 1
O enunciado pede para entendermos o mecanismo de alívio de tensões internas durante a etapa de recuperação em metais ou ligas e para avaliar se esse processo gera alguma alteração microestrutural que seja visível, por exemplo, ao microscópio óptico. Vamos estudar o que acontece com as discordâncias, tensões residuais e limites de grão durante a recuperação.
Passo 2
Antes de tudo, as tensões residuais resultam principalmente de processos plásticos (prensagem, conformação a frio, soldagem etc.), que geram alta densidade de discordâncias e redes de deformação interna. Na recuperação, aquecemos o material a temperaturas moderadas (tipicamente entre 0,3 e 0,5
, onde
é a temperatura de fusão absoluta) sem atingir a recristalização. Essa temperatura é suficiente para ativar o movimento das discordâncias por difusão, mas não para nuclear novos grãos livres de deformação.
Passo 3
Ao elevado da temperatura de recuperação, as discordâncias de sinal oposto podem se aproximar e se aniquilar, reduzindo a densidade total. Simultaneamente, as discordâncias tendem a se reorganizar em pares ou em redes de baixos ângulos de contorno (subgrãos), pois essa configuração tem menor energia interna comparada a uma rede caótica de discordâncias soltas. Esse rearranjo local promove o alívio das tensões internas sem alterar o contorno geral dos grãos principais.
Passo 4
Como as fronteiras de grão principais não migram (não há nucleação e crescimento de grãos recristalizados), não surgem novos contornos de grão macroscópicos. Assim, ao microscópio óptico, não se observa mudança perceptível no tamanho ou forma dos grãos. Apenas ao microscópio eletrônico de transmissão (TEM) é possível distinguir as redes de subgrãos e perceber a redução da densidade de discordâncias.
Resposta
Durante a recuperação, o alívio de tensões dá-se por difusão e movimentação de discordâncias, que se aniquilam ou se organizam em redes de baixos ângulos (subgrãos). Como não há recristalização nem migração de contornos de grão principais, não ocorre alteração visível da microestrutura ao microscópio óptico; apenas pequenas mudanças nos subgrãos podem ser detectadas ao nível eletrônico.