Explique como o nível do lençol freático em relação ao corpo mineralizado influencia a anomalia negativa observada em um levantamento de potencial espontâneo.

Passo 1

O enunciado busca compreender como a posição do nível d’água (lençol freático) em relação a um corpo mineralizado afeta a anomalia negativa medida pelo método de potencial espontâneo (SP). O conteúdo é do campo da geoelétrica e envolve os processos eletroquímicos que geram diferenças de potencial entre o eletrólito (água saturada) e o mineral (corpo orexigenado).

Passo 2

O método SP registra, entre dois eletrodos, diferenças de potencial geradas fundamentalmente por:
  1. Potenciais de membrana ou difusão, quando um fluido iônico atravessa um meio com cargas fixas (argilas, fraturas mineralizadas).
  2. Potenciais de electrodo, devido à reação redox na interface água–mineral.
    Num corpo sulfetado, por exemplo, a zona onde ocorre oxirredução atua como célula eletroquímica, gerando uma corrente estacionária que se manifesta na superfície como uma depressão de potencial (anomalia negativa).

Passo 3

Para haver geração e propagação dessa corrente, é essencial que o corpo mineralizado esteja em contato com a zona saturada (lençol freático). A água saturada serve de eletrólito e define o caminho preferencial da corrente.
• Se o topo do corpo mineralizado está abaixo do nível d’água, ele fica completamente imerso no eletrólito, fechando bem o circuito redox e maximiza o fluxo de corrente que se espalha até os eletrodos de superfície.
• Se o nível d’água cai e deixa parte do corpo acima da zona saturada, o circuito redox fica interrompido ou mais fraco, pois a seção aérea ou insaturada não conduz bem íons.

Passo 4

Quando o corpo está bem submerso:
  • A corrente redox percorre o mineral e retorna pelo aquífero acima dele, gerando um campo de potencial que tende a tornar o interior do mineral negativo em relação ao entorno.
  • A amplitude da anomalia negativa na superfície cresce com a espessura de intervalo saturado acima do mineral, porque esse intervalo atua como “via” de baixa resistividade por onde a corrente facilmente passa.
Se o lençol freático desce abaixo do topo do corpo:
  • A parte exposta torna-se de baixa condutividade iônica, reduzindo o fluxo de corrente.
  • A anomalia negativa enfraquece (menor profundidade de corrente) e, em casos extremos, pode desaparecer ou mesmo inverter de sinal localmente, se surgir outro caminho preferencial de circulação iônica.

Passo 5

Em resumo, o lençol freático regula a qualidade do contato eletrolítico entre água e minério e, portanto, controla o “fechamento” do circuito eletroquímico que gera a anomalia SP. Quanto mais o corpo estiver dentro da zona saturada, mais intenso e amplo será o sinal negativo. Quando o nível d’água cai abaixo do corpo mineralizado, o sinal decresce e pode até sumir.

Resposta

A anomalia negativa de SP só se forma plenamente quando o corpo mineralizado está imerso na zona saturada, pois o aquífero funciona como eletrólito e completa o circuito redox. Um nível d’água alto (corpo totalmente submerso) aumenta a amplitude e largura da anomalia negativa; se o lençol freático descer abaixo do topo do corpo, o sinal enfraquece ou desaparece.

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