2- Qual é o objetivo da esferoidização em aços com alto teor de carbono? Descreva o mecanismo desse processo e explique a influência da microestrutura na taxa de formação da cementita globulizada.
Passo 1
O enunciado pede para explicar a esferoidização em aços hipereutetóides (alto teor de carbono): qual o objetivo desse tratamento, qual o mecanismo físico‐químico por trás da transformação da cementita em partículas esferoidais e como a microestrutura inicial (por exemplo, perlita fina versus perlita grosseira) afeta a velocidade com que essas partículas globulizam.
Passo 2
O principal objetivo da esferoidização é reduzir a dureza e aumentar a ductilidade do aço com alto carbono para facilitar operações subsequentes (usinagem, estampagem, conformação a frio). Ao transformar a lamela de cementita
em glóbulos dispersos num matriz ferrítica, o material torna-se mais macio e menos susceptível a trincas, permitindo tolerâncias dimensionais mais apertadas.
Passo 3
O mecanismo de esferoidização baseia-se na redução da energia interfacial:
- Começa com perlita (lamelas alternadas de ferrita e cementita) ou cementita contínua ao contorno de grão;
- A temperaturas moderadas abaixo do eutetoide (tipicamente entre
C e C) e em tempos longos, o carbono difunde-se das lamelas de cementita para a ferrita, provocando o enfraquecimento das “pontes” de cementita; - Pequenas partículas de cementita começam a nuclear em regiões de energia mais alta (bordas de grão ou ausências de lamelas) e a crescer a expensas das lamelas, que se encurtam;
- À medida que cresce, cada partícula tende a assumir forma quase esférica, pois essa geometria minimiza a área superficial e, portanto, a energia de interface.
Passo 4
A microestrutura inicial influencia fortemente a taxa de esferoidização:
– Perlita fina: apresenta lamelas de cementita muito delgadas, o que reduz a distância de difusão de carbono e oferece mais sítios de nucleação; por isso, esferoidiza mais rápido.
– Perlita grosseira: lamelas mais espessas implicam maior caminho de difusão e menos sítios críticos, retardando o processo.
– Cementita contínua ao contorno de grão ou martensita: geralmente formam partículas mais grossas e isoladas, que esferoidizam lentamente, pois requerem que o carbono saia de regiões consolidadas.
– Perlita grosseira: lamelas mais espessas implicam maior caminho de difusão e menos sítios críticos, retardando o processo.
– Cementita contínua ao contorno de grão ou martensita: geralmente formam partículas mais grossas e isoladas, que esferoidizam lentamente, pois requerem que o carbono saia de regiões consolidadas.
Resposta
A esferoidização visa obter partículas esféricas de
dispersas numa matriz ferrítica, reduzindo dureza e aumentando ductilidade para facilitar usinagem e conformação. O processo ocorre por difusão de carbono de lamelas de cementita em perlita ou contornos de grão, promovendo nucleação e crescimento de partículas que se tornam esferoidais para minimizar energia de interface. Quanto mais fina for a lamela de cementita (perlita fina), menor será o caminho de difusão e maior o número de sítios de nucleação, acelerando a formação de cementita globulizada.