Em uma pesquisa de mercado para serviços de telefonia móvel tomou-se a lista telefónica, onde os nomes dos assinantes estão organizados em ordem alfabética do último sobrenome, e se amostrou o décimo de cada 10 assinantes. Critique esse procedimento.

Passo 1

O enunciado descreve uma pesquisa de mercado para serviços de telefonia móvel em que o quadro amostral foi a lista telefônica — que contém assinantes de telefonia fixa listados em ordem alfabética de sobrenome — e a amostragem foi feita selecionando-se “o décimo de cada 10 assinantes” da lista. Vamos criticar esse procedimento à luz de conceitos de quadro amostral, método de amostragem e possíveis vieses.

Passo 2

Análise do quadro amostral: a lista telefônica inclui apenas assinantes de linha fixa, não de celular. Como o objetivo é estudar usuários de telefonia móvel, quem só tem celular e quem optou por número não listado fica automaticamente excluído. Logo, já há um viés de cobertura (undercoverage) que impede representar adequadamente a população de interesse.

Passo 3

Discussão do método de amostragem: escolher “o décimo de cada 10” configura amostragem sistemática. Para que ela seja equivalente a uma amostragem aleatória simples, seria necessário um ponto de partida sorteado aleatoriamente e garantir que não haja periodicidade no quadro. Como não houve menção a sorteio de início, a seleção pode ser determinística e repetível, deixando de ser aleatória.

Passo 4

Efeito da ordenação alfabética: a lista está ordenada por sobrenome. Se existir correlação entre sobrenome e variáveis relevantes (por exemplo, região geográfica, renda ou perfil étnico), a amostragem sistemática pode sub– ou super–amostrar certos grupos. A cada décimo cadastrado, pode-se captar majoritariamente sobrenomes com certas letras, introduzindo viés de seleção.

Passo 5

Recomendações para corrigir o procedimento:
  1. Usar como quadro amostral uma listagem atualizada de assinantes de telefonia móvel (incluindo celulares pré e pós–pago).
  2. Empregar amostragem aleatória simples ou amostragem estratificada (por região, faixa etária etc.) com sorteio genuíno de unidades.
  3. Se optar por amostragem sistemática, definir aleatoriamente o primeiro elemento e verificar que não haja periodicidade associada à variável de interesse.

Resposta

O procedimento é falho porque (a) o quadro amostral (lista de fixos) não representa os usuários de celular, (b) a amostragem sistemática sem sorteio do ponto de partida não é verdadeiramente aleatória e (c) ordenar alfabeticamente e “pular dez em dez” pode gerar viés se houver correlação entre sobrenome e características do público-alvo.

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