Nas propriedades dos concretos ligadas ao agregado, quais as influências de diferentes agregados sobre a trabalhabilidade e permeabilidade?

Passo 1

O enunciado pede para explicarmos como as características dos agregados influenciam duas propriedades do concreto: a trabalhabilidade (facilidade de adensar e moldar) e a permeabilidade (capacidade de deixar a água ou fluidos passarem). Para resolver, vamos definir cada propriedade e relacionar com os principais atributos dos agregados (forma, textura, graduação, porosidade e absorção).

Passo 2

Para entender a influência sobre a trabalhabilidade, primeiro definimos:
A trabalhabilidade é a facilidade com que o concreto fresco se mistura, transporta, adensa e desforma sem segregação nem exsudação excessiva. Os agregados afetam isso por:
  • Forma e textura: agregados arredondados e de superfície lisa reduzem o atrito interno, melhorando a fluidez; agregados angulares e rugosos aumentam o atrito, exigindo mais água ou aditivo para manter a mesma trabalhabilidade.
  • Graduação e distribuição de tamanhos: uma mistura de frações bem graduada preenche melhor os vazios entre as partículas, diminuindo o volume de pasta de cimento necessário e facilitando a coesão; ao contrário, excesso de graúdos ou de finos gera vacâncias ou “tremulação”, reduzindo a fluidez.
  • Teor de finos e área específica: quanto maior a quantidade de partículas muito finas, maior é a área total de contato e mais água será necessária para lubrificar o sistema, o que pode reduzir a plastiticidade se não for compensado por superplastificante.
  • Absorção e umidade dos agregados: agregados com alta absorção “retêm” água da pasta, diminuindo a água livre para trabalhar o concreto; agregados saturados–superfície-seca podem “devolver” água à mistura e alterar repentinamente a consistência.

Passo 3

Para a permeabilidade do concreto, que é a facilidade com que líquidos ou gases circulam pelos capilares e microfissuras da massa endurecida, os agregados influenciam por:
  • Porosidade intrínseca: agregados mais porosos (por ex., pedras tufosas ou cerâmicas) absorvem água e, ao endurecer, podem liberar e criar microcanalículos na interface, aumentando a permeabilidade; agregados muito densos (granitos, basalto) tendem a diminuir essa via interna.
  • Interação pasta–agregado (zona de transição): superfícies rugosas ou muito absorventes formam uma zona de transição com microfissuras, ampliando a rede de poros conectados; agregados quimicamente compatíveis e de baixa absorção geram interface mais densa, reduzindo trajetos preferenciais.
  • Graduação e empacotamento: uma gradação mal ajustada deixa espaços maiores preenchidos só pela pasta, o que resulta em capilares mais largos e interligados, elevando a permeabilidade; boa graduação reduz vazio total e estreita os poros.
  • Teor de finos na pasta remanescente: se os agregados liberam finos ou se há excesso de pó mineral, a pasta pode ficar excessivamente rica em cimento, o que contrariamente pode reduzir porosidade, mas sem cuidado gera retração e fissuração, aumentando a permeabilidade.

Resposta

De forma resumida, quanto à trabalhabilidade:
  • Agregados arredondados, lisos e bem graduados melhoram a fluidez,
  • Agregados angulares, rugosos, com excesso de finos ou alta absorção reduzem a trabalhabilidade (mais água ou aditivo).
Quanto à permeabilidade:
  • Agregados densos e pouco porosos + boa interface reduzem a passagem de fluidos,
  • Agregados porosos, muito absorventes, com zona de transição fissurada ou graduação deficiente aumentam a permeabilidade.

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