Algumas vezes, durante a análise de aminas, por exemplo, usamos modificadores de fase móvel como a trietilamina. Explique porque isso é feito.
Passo 1
Beleza, o enunciado pergunta por que a gente às vezes coloca trietilamina (TEA) como “modificador” na fase móvel quando vai analisar aminas (ou outros compostos básicos) em cromatografia líquida. O conteúdo aqui é de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE ou HPLC), em especial a química de superfície de colunas à base de sílica e interações iônicas. Para resolver, vamos precisar entender:
• Como os grupos silanol (Si–OH) da sílica interagem com aminas básicas;
• O papel de um aditivo básico como a TEA na fase móvel;
• Como isso melhora o formato do pico.
• Como os grupos silanol (Si–OH) da sílica interagem com aminas básicas;
• O papel de um aditivo básico como a TEA na fase móvel;
• Como isso melhora o formato do pico.
Passo 2
Primeiro, o “problema” de verdade: as colunas de sílica (C18, C8 etc.) sempre têm umas pontinhas livres de silanol (–Si–OH). Se você passa por aí uma amina (R–NH₂ ou R–NH₃⁺), ela acaba grudando nos sítios de silanol de duas maneiras:
- Se o pH da fase móvel for maior que o pKa da amina, ela fica desprotonada (R–NH₂) e pode fazer ligação de hidrogênio com o Si–OH.
- Se o pH for menor, a amina fica protonada (R–NH₃⁺) e o silanol vira Si–O⁻, gerando atração iônica.
Isso causa “tailing” nos picos (picos assimétricos e achatados), retenção irreprodutível e queda de eficiência.
Passo 3
Agora entra a trietilamina (TEA), que é uma base fraca com pKa ≈10,7. Quando eu adiciono, digamos, 0,1 % de TEA na fase móvel (ou alguns mM), passo a ter muitas moléculas de TEA protonadas (TEA–H⁺) e não há silêncio: elas “se atropelam” pelos sítios de silanol, ocupando-os por dois mecanismos:
• Interação iônica:
Si–O⁻ + (Et₃NH)⁺ → [Si–O⁻···H₃N–Et₃]
• Ligação de hidrogênio (quando alguma fração de silanol ainda estiver protonada).
• Interação iônica:
Si–O⁻ + (Et₃NH)⁺ → [Si–O⁻···H₃N–Et₃]
• Ligação de hidrogênio (quando alguma fração de silanol ainda estiver protonada).
Em outras palavras, a TEA “blinda” os sítios de interação da sílica.
Passo 4
Com isso:
- A amina analito não encontra mais livre o Si–O⁻ para “grudar” fortemente;
- A eluição fica mais suave, o pico fica simétrico e a repetibilidade melhora;
- Você ganha menores tempos de retenção variáveis por “pegação” e picos mais afiados.
Isso é especialmente crítico pra aminas e compostos básicos que, sem modificação, teriam picos alargados e baixo rendimento de separação.
Resposta
A trietilamina é incorporada na fase móvel para “inativar” os sítios de silanol da coluna, ocupando esses locais com TEA–H⁺ antes que a amina analito chegue lá. Isso reduz as interações iônicas e de hidrogênio entre o analito básico e a sílica, melhorando o formato do pico (menos tailing), a eficiência e a reprodutibilidade da análise.