Exercícios Resolvidos de Primeira Lei para Combustão

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Enunciado

Etano C 2 H 6 é queimado, à pressão atmosférica, com quantidade estequiométrica de ar como oxidante. Determine o calor rejeitado, em k J / k m o l de combustível, considerando que os produtos e reagentes estão a 25   ° C e a água aparece nos produtos como vapor de água.

Passo 1

Então, galera, esse é um exercício de combustão que pede pra gente calcular a taxa de calor liberada pelo combustível Q ˙ dividida pela quantidade de combustível queimada a cada segundo n ˙ c o m b .

Q ˙ n ˙ c o m b = ?

Para achar essa quantidade, temos que usar a primeira lei da termodinâmica adaptada à combustão. Essa fórmula se encontra abaixo.

Q ˙ + ∑ R n ˙ e × h - f 0 + Δ h - e = W ˙ + ∑ P n ˙ s × h - f 0 + Δ h - s

O somatório da esquerda é a soma das entalpias dos reagentes que são queimados a cada segundo e o somatório da direita é a soma das entalpias dos produtos que são gerados a cada segundo. W ˙ é a taxa de trabalho realizada. Ela vale zero, porque o enunciado só diz que calor é rejeitado. Ele não cita nenhum trabalho sendo realizado nessa combustão.

W ˙ = 0   k W

Pra achar Q ˙ / n ˙ c o m b vamos ter que encontrar o valor desses dois somatórios. Mas para encontrar os somatórios, vamos precisar calcular as vazões molares n ˙ presentes nesses somatórios. Então vamos começar as contas tentando encontrar as vazões molares.

Passo 2

Começamos a calcular as vazões molares, escrevendo a equação química da combustão. O enunciado diz que a combustão é completa sem excesso de ar (quantidade estequiométrica de ar). Isso significa que apenas C O 2 , H 2 O e N 2 são os produtos. Como o ar é composto por O 2 e N 2 , o C 2 H 6 , o O 2 e o N 2 são os reagentes.

a   C 2 H 6 + b   O 2 + 3,76   N 2 ⟶ c   H 2 O + d   C O 2 + e   N 2

onde a , b , c , d e e são os coeficientes estequiométricos da combustão.

Esses coeficientes são iguais às vazões molares! Por exemplo, o coeficiente a do combustível C 2 H 6 é igual à vazão molar do combustível n ˙ c o m b .

n ˙ c o m b = a

Como a questão está interessada na taxa de calor liberada por cada k m o l de combustível, vamos calcular o calor, quando a quantidade a de k m o l de C 2 H 6 queimado vale 1   k m o l .

n ˙ c o m b = a = 1   k m o l / s

Para achar os outros coeficientes, temos que fazer o balanço da equação de reação.

Calculamos o coeficiente d através do balanço de carbono C . Para C ficar balanceado, os 2 a   k m o l de C dos reagentes devem ser iguais aos d   k m o l de C dos produtos.

d = 2 a

d = 2 × 1

d = 2   k m o l / s

c é calculado pelo balanço do hidrogênio H . Os 6 a   k m o l de H dos reagentes precisam ser iguais aos 2 c   k m o l de H dos produtos.

2 c = 6 a

2 c = 6 × 1

c = 3   k m o l / s

Calculamos b por meio do balanço do oxigênio O . Esse balanço faz com que os 2 b   k m o l de O dos reagentes sejam iguais aos c + 2 d   k m o l de O dos produtos.

2 b = c + 2 d

2 b = 3 + 2 × 2

b = 3,5   k m o l / s

Por fim, encontramos e pelo balanço de nitrogênio N 2 ! Os 3,76 b   k m o l de N 2 dos reagentes são iguais aos e   k m o l de N 2 dos produtos.

e = 3,76 b

e = 3,76 × 3,5

e = 13,16   k m o l / s

A vazão molar n ˙ O 2 de O 2 é igual à b , a vazão molar n ˙ N 2 de N 2 dos reagentes e dos produtos é igual a e , a vazão molar n ˙ H 2 O de H 2 O é igual à c e a vazão molar n ˙ C O 2 de C O 2 é igual à d .

Pronto! Achamos as vazões molares. No entanto, ainda precisamos encontrar as entalpias de formação h - f 0 e as diferenças de entalpia Δ h - pra achar os somatórios!

Passo 3

As entalpias de formação h - f 0 do N 2 e O 2 valem zero porque os dois são substâncias quimicamente mais estáveis.

h - f 0 O 2 = 0   k J k m o l

h - f 0 N 2 = 0   k J k m o l

As entalpias de formação de C 2 H 6 , H 2 O e C O 2 são encontradas em tabelas, como a tabela abaixo. Mas tome cuidado! Precisamos pegar o valor da entalpia de formação de vapor de H 2 O !

h - f 0 C O 2 = - 393520   k J k m o l

h - f 0 H 2 O = - 241820   k J k m o l

h - f 0 C 2 H 6 = - 84680   k J k m o l

Eba! Estamos quase com todos os valores que precisamos. Só falta achar as diferenças de entalpia Δ h - . No entanto, Δ h - é a diferença entre a entalpia de uma substância a temperatura T e a entalpia de uma substância a temperatura de 25   ° C . Como o enunciado diz que os produtos e reagentes estão a 25   ° C , Δ h - vale zero pra todas as substâncias.

Δ h - O 2 = 0   k J k m o l

Δ h - N 2 = 0   k J k m o l

Δ h - C O 2 = 0   k J k m o l

Δ h - H 2 O = 0 k J k m o l

Δ h - C 2 H 6 = 0   k J k m o l

Com esses valores podemos achar os somatórios na próxima etapa!

Passo 4

Como foi dito antes, o somatório da esquerda é a soma das entalpias dos reagentes que são queimados a cada segundo. Isso quer dizer que esse somatório é igual às entalpias específicas h - e dos reagentes multiplicadas pelas vazões molares n ˙ e dos reagentes!

∑ R n ˙ e × h - f 0 + Δ h - e = n ˙ C 2 H 6 × h - f 0 + Δ h - C 2 H 6 + n ˙ O 2 × h - f 0 + Δ h - O 2 + n ˙ N 2 × h - f 0 + Δ h - N 2

Calculando separadamente cada termo da soma:

n ˙ C 2 H 6 × h - f 0 + Δ h - C 2 H 6 = 1 × - 84680 + 0 = - 84680   k J / s

n ˙ O 2 × h - f 0 + Δ h - O 2 = b × 0 + 0 = 0   k J / s

n ˙ N 2 × h - f 0 + Δ h - N 2 = e × 0 + 0 = 0   k J / s

Juntando os termos novamente, chegamos no valor do somatório da esquerda.

∑ R n ˙ e × h - f 0 + Δ h - e = - 84680 + 0 + 0 = - 84680   k J / s

Agora, vamos partir pro cálculo do somatório da direita. Conforme já foi dito antes, o somatório da direita é a soma das entalpias dos produtos que são queimados a cada segundo. Isso quer dizer que esse somatório é igual às entalpias específicas h - s dos produtos multiplicadas pelas vazões molares n ˙ s dos produtos!

∑ P n ˙ s × h - f 0 + Δ h - s = n ˙ C O 2 × h - f 0 + Δ h - C O 2 + n ˙ H 2 O × h - f 0 + Δ h - H 2 O + n ˙ N 2 × h - f 0 + Δ h - N 2

Calculando separadamente cada termo da soma:

n ˙ C O 2 × h - f 0 + Δ h - C O 2 = d × - 393520   + 0 = - 787040   k J / s

n ˙ H 2 O × h - f 0 + Δ h - H 2 O = c × - 241820   + 0 = - 725460   k J / s

n ˙ N 2 × h - f 0 + Δ h - N 2 = e × 0 + 0 = 0   k J / s

Juntando os termos novamente, chegamos no valor do somatório da direita.

∑ P n ˙ s × h - f 0 + Δ h - s = - 787040 - 725460 + 0 = - 1512500   k J / s

Substituindo os somatórios na primeira lei, encontramos:

Q ˙ + ∑ R n ˙ e × h - f 0 + Δ h - e = W ˙ + ∑ P n ˙ s × h - f 0 + Δ h - s

Q ˙ - 84680 = 0 - 1512500

Q ˙ = - 1427820   k J / s

Dividindo Q ˙ pela vazão de combustível n ˙ c o m b = 1   k m o l / s :

Q ˙ n ˙ c o m b = - 1427820 1

Q ˙ n ˙ c o m b = - 1427820   k J k m o l

Chegamos na resposta! Agoooora sim pode sorrir e comemorar essa vitória com a família!

Resposta

Q ˙ n ˙ c o m b = - 1427820   k J k m o l

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