Considere dois bens. Suponha que se verifica uma redução no preço de um deles, mantendo-se constante o preço do outro e a renda do consumidor (que é integralmente gasto na compra dos dois bens). Explique o efeito de substituição e o efeito de renda e ilustre graficamente o caso em que o bem cujo preço baixou é normal e o caso em que ele é inferior.

Passo 1

O enunciado trata de um consumidor que gasta toda a renda m na compra de dois bens ,(x1,x2). O preço do bem 1 cai de p1 para p1', enquanto p2 e m ficam constantes. O conteúdo é a decomposição do efeito total da mudança de preço em efeito de substituição (mantendo a utilidade constante) e efeito de renda (decorrente do poder de compra maior). Vamos precisar do conceito de retas de orçamento e curvas de indiferença, além da ideia de compensação de renda (curva de Hicks).

Passo 2

Definição do efeito de substituição: é a variação na quantidade demandada de x1 quando seu preço muda de p1 para p1', mas o consumidor é compensado de modo a manter seu nível de utilidade inicial u0 constante. Graficamente, fixamos a curva de indiferença original e desenhamos uma reta de orçamento compensada
p1'x1 + p2x2 = m^c
de modo que ela seja tangente a essa curva original. O movimento do ponto de tangência inicial ao ponto de tangência da reta compensada mede o efeito de substituição – normalmente, ao baratear x1, o consumidor “substitui” parte de x2 por mais x1.

Passo 3

Definição do efeito de renda: é a variação adicional na quantidade demandada de x1 quando ajustamos a renda de m^c (usada na reta compensada) de volta para a renda real m, mantendo os preços na nova relação (p1',p2). Graficamente, partindo do ponto de tangência na reta compensada, elevamos a reta até a reta orçamentária real
p1'x1 + p2x2 = m
e observamos o deslocamento até o novo ótimo. Esse passo capta como o aumento do poder de compra (efeito renda) afeta a demanda por x1.

Passo 4

Ilustração quando x1 é normal:
  • Eixo horizontal: x1; eixo vertical: x2.
  • Desenhe a reta orçamentária inicial ,p1x1 + p2x2 = m, tangente à curva de indiferença de utilidade u0 no ponto A.
  • A seguir, desenhe a reta compensada ,p1'x1 + p2x2 = m^c tangente à mesma curva u0 em B. O deslocamento Ato B é o efeito de substituição (mais x1, menos x2).
  • Finalmente, desenhe a reta orçamentária real com preço novo ,p1'x1 + p2x2 = m, tangente à uma curva de indiferença superior u1>u0 em C. O movimento Bto C (para a direita, no caso de bem normal) é o efeito de renda positivo. No total, Ato C mostra aumento ainda maior na demanda por x1.

Passo 5

Ilustração quando x1 é inferior (mas não Giffen):
  • Mesmo esquema de retas e curvas iniciais, com A e B como antes. O efeito de substituição Ato B continua positivo (mais x1).
  • Porém, ao passar de B para o ótimo real C na nova reta ,p1'x1 + p2x2 = m, o efeito renda é negativo: o consumidor, agora com maior poder de compra, diminui o consumo de x1. No gráfico, C fica entre A e B (isto é, à direita de A mas à esquerda de B).
  • No total, ainda há aumento líquido em x1 ( Ato C é positivo), pois assumimos que o efeito de substituição domina o efeito de renda.

Resposta

  • Efeito de substituição: sempre leva a consumir mais do bem cujo preço caiu.
  • Efeito de renda: para bem normal, reforça o aumento (positivo); para bem inferior, atua em sentido oposto (negativo).
  • Gráficos: no caso normal, o ponto final fica além do ponto de substituição; no caso inferior, o ponto final fica entre o ponto inicial e o ponto de substituição.

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