Considerando os objetivos negociados e priorizados em processo participativo pelos diferentes grupos de atores, apoiados no conhecimento produzido pelas análises de caracterização e diagnóstico da problemática da mobilidade e acessibilidade urbana em Cearópolis, reflitam e discorram sobre as questões abaixo:
a) Associem, aos respectivos problemas hierarquizados e objetivos priorizados, os tipos de benefícios esperados a partir da implantação da intervenção proposta pelo IPUC;
b) Relacionem os indicadores dos problemas hierarquizados às correspondentes medidas de desempenho para quantificar o alcance das metas a serem estabelecidas para cada objetivo priorizado pelo conjunto dos atores;
c) Como estabelecer metas a serem alcançadas, ao longo do horizonte de planejamento, para cada objetivo priorizado pelo conjunto dos atores?
d) Como ponderar os benefícios advindos da implantação da intervenção proposta sobre a mitigação dos diferentes tipos de problemas que recaem sobre distintos segmentos populacionais?
Passo 1
O enunciado trata de um processo participativo de planejamento urbano em Cearópolis, no qual diversos grupos de atores hierarquizaram problemas de mobilidade e acessibilidade e priorizaram objetivos de intervenção. Precisamos: \bullet Associar cada problema-objetivo a tipos de benefícios esperados; \bullet Relacionar indicadores de cada problema às medidas de desempenho que permitam quantificar o progresso dos objetivos; \bullet Propor um método para estabelecer metas ao longo do horizonte de planejamento; \bullet Sugerir uma forma de ponderar os benefícios da intervenção segundo os diferentes segmentos populacionais.
Passo 2
Para responder a (a), começamos identificando, para cada problema-objetivo, o benefício direto ou indireto gerado. Por exemplo: \bullet Problema “alto tempo de deslocamento” \to Objetivo “reduzir o tempo médio de viagem” \to Benefício esperado: economia de tempo (minutos poupados), aumento de produtividade e bem-estar. \bullet Problema “acidentes de trânsito” \to Objetivo “melhorar a segurança viária” \to Benefício esperado: redução de fatalidades e feridos, diminuição de custos hospitalares e sociais. \bullet Problema “emissões veiculares” \to Objetivo “promover transporte sustentável” \to Benefício esperado: melhoria da qualidade do ar, menor impacto ambiental e saúde pública. \bullet Problema “inacessibilidade de grupos vulneráveis” \to Objetivo “ampliar a inclusão” \to Benefício esperado: equidade no acesso a serviços, aumento da mobilidade de pessoas com deficiência e idosos.
Passo 3
Para (b), associamos a cada problema hierarquizado um indicador-mensurável e definimos a medida de desempenho que permitirá aferir o atendimento do objetivo: \bullet Tempo médio de viagem: indicador \overline{T} (minutos por deslocamento); medida de desempenho “redução percentual de \overline{T} em relação ao ano-base”. \bullet Índice de acidentes: indicador I_{\text{acidentes}} (número de acidentes por 100000 habitantes); medida “diminuição absoluta ou relativa de I_{\text{acidentes}}”. \bullet Emissões de CO_{2}: indicador E_{\text{CO}_2} (t CO_{2}/ano); medida “redução de E_{\text{CO}_2} em toneladas”. \bullet Índice de acessibilidade: indicador A (percentual de população atendida por transporte adaptado); medida “aumento de A em pontos percentuais”.
Passo 4
Para (c), o estabelecimento de metas segue o método SMART aplicado ao horizonte de planejamento: 1. Mensuráveis (Specific, Measurable): definir valores-alvo claros, ex.: “reduzir \overline{T} em 20 % em 5 anos”. 2. Alcançáveis (Achievable): usar dados históricos e projeções para avaliar a ambição realista. 3. Relevantes (Relevant): alinhar metas às prioridades negociadas. 4. Com prazo (Time-bound): distribuir em marcos intermediários, ex.: 5 % ao ano. 5. Revisáveis: a cada período (anual ou bienal), comparar indicador versus meta, ajustar ações e recalibrar objetivos.
Passo 5
Para (d), a ponderação dos benefícios requer um critério de valoração social e distribuiçãoal: \bullet Atribuir pesos via consulta pública ou matriz de valor a segmentos (por exemplo, dar maior peso a melhorias para idosos ou pessoas de baixa renda). \bullet Empregar Análise Multicritério (AMC) ou Análise de Custo-Benefício com pesos de equidade. \bullet Calcular um índice composto de benefício social B_{\text{social}} = \sum_{i} w_i \cdot b_i, onde b_i é o benefício no segmento i e w_i o peso definido para dar mais importância a grupos vulneráveis. \bullet Validar os pesos em fórum participativo para refletir a prioridade concedida a cada grupo.
Resposta
a) Cada problema-objetivo recebe um tipo específico de benefício: economia de tempo para redução de viagens, diminuição de custos sociais e hospitalares para segurança, melhora da qualidade do ar para sustentabilidade e inclusão social para acessibilidade.
b) Indicadores e medidas de desempenho típicos são:
– Tempo médio de viagem \overline{T} \to % de redução de \overline{T}.
– Índice de acidentes I_{\text{acidentes}} \to redução absoluta/relativa de I_{\text{acidentes}}.
– Emissões de CO_{2} E_{\text{CO}_2} \to toneladas de CO_{2} evitadas.
– Índice de acessibilidade A \to pontos percentuais de aumento em A.
c) Metas SMART com valores-alvo claros e prazos definidos, distribuídas em marcos (por ex., 5 % de redução anual de \overline{T} até 20 % em 5 anos), revisáveis periodicamente.
d) Ponderação por meio de Análise Multicritério ou fórmula de benefício social ponderado B_{\text{social}}=\sum w_i b_i, usando pesos w_i definidos em consulta pública para valorizar mais os segmentos vulneráveis.