Exercício 4 [2,5 pts.]: Algumas (alguns) economistas defendem a adoção de um rigoroso e permanente ajuste fiscal no Brasil. Vamos examinar o ponto cuidadosamente usando os dois paradigmas macroeconômicos que estudamos ao longo do curso. Compare a previsão do modelo de 3-equações com a previsão do modelo de oferta e demanda agregada, ambas diante de um ajuste fiscal permanente (corte de gastos ou aumento de tributos autônomos). Esboce ambas as previsões geometricamente e discuta resumidamente a configuração final e o processo de ajuste em direção ao equilíbrio macroeconômico de médio prazo.
Passo 1
O enunciado pede para comparar a previsão de um ajuste fiscal permanente (corte de gastos ou aumento de tributos) em dois paradigmas macroeconômicos:
– o modelo de três equações (IS, Phillips curve e regra de política monetária), e
– o modelo de oferta e demanda agregada (AS-AD).
Precisamos identificar como cada modelo reage no curto prazo e como chega ao equilíbrio de médio prazo, além de esboçar geometricamente essas previsões.
– o modelo de três equações (IS, Phillips curve e regra de política monetária), e
– o modelo de oferta e demanda agregada (AS-AD).
Precisamos identificar como cada modelo reage no curto prazo e como chega ao equilíbrio de médio prazo, além de esboçar geometricamente essas previsões.
Passo 2
No modelo de três equações, temos:
onde
é o hiato do produto,
a inflação,
a taxa de juros nominal,
a taxa real neutra, e
.
Um ajuste fiscal permanente reduz a demanda agregada, o que equivale a um choque negativo na IS (por redução de gasto público ou consumo autônomo).
Um ajuste fiscal permanente reduz a demanda agregada, o que equivale a um choque negativo na IS (por redução de gasto público ou consumo autônomo).
Passo 3
Geometricamente no plano
:
– Ponto inicial de equilíbrio: .
– Choque fiscal: IS desloca-se para baixo, gerando hiato quase sem alterar
. Move-se horizontalmente para
.
– No passo seguinte, começa a cair segundo a Phillips curve, e, pela regra monetária,
cai, estimulando
. A trajetória segue para baixo e à direita sobre a curva de Phillips até voltar a
.
– No novo estado estacionário de médio prazo temos
– Ponto inicial de equilíbrio:
– Choque fiscal: IS desloca-se para baixo, gerando hiato
– No passo seguinte,
– No novo estado estacionário de médio prazo temos
com taxa nominal
.
Passo 4
No modelo AS-AD, com eixo horizontal
e vertical
:
– A curva de demanda agregada AD intercepta a LRAS (vertical em ) em
.
– Choque fiscal permanente desloca AD para a esquerda, indo a um ponto de curto prazo .
– Com salários e preços rígidos mas ajustáveis, no médio prazo cai, deslocando a curva de oferta de curto prazo SRAS para baixo (ou para a direita no eixo
fixo), até cruzar novamente LRAS em
com
.
– A curva de demanda agregada AD intercepta a LRAS (vertical em
– Choque fiscal permanente desloca AD para a esquerda, indo a um ponto de curto prazo
– Com salários e preços rígidos mas ajustáveis, no médio prazo
Passo 5
Comparando os dois paradigmas:
– No curto prazo ambos preveem queda do produto e do hiato
.
– No médio prazo o produto retorna ao nível potencial (ou
).
– A diferença está na variável de ajuste final: no modelo de três equações é a inflação que permanentemente cai para
, enquanto em AS-AD é o nível de preços
que cai para
.
– O mecanismo de equilíbrio também difere: no modelo de três equações o ajuste ocorre via expectativas de inflação e resposta da taxa de juros da autoridade monetária; no AS-AD ocorre via ajuste de preços e salários conduzindo a desaceleração do SRAS.
– No curto prazo ambos preveem queda do produto
– No médio prazo o produto retorna ao nível potencial
– A diferença está na variável de ajuste final: no modelo de três equações é a inflação
– O mecanismo de equilíbrio também difere: no modelo de três equações o ajuste ocorre via expectativas de inflação e resposta da taxa de juros da autoridade monetária; no AS-AD ocorre via ajuste de preços e salários conduzindo a desaceleração do SRAS.
Resposta
O choque fiscal permanente provoca em ambos os modelos uma queda inicial do produto abaixo do potencial. No modelo de três equações, a queda do hiato gera redução de inflação, o que leva a política monetária a baixar juros, e o sistema converge a um novo equilíbrio com hiato zero e inflação permanentemente menor. No modelo AS-AD, a demanda agregada desloca-se para a esquerda, reduzindo
no curto prazo; depois, a queda de preços faz o SRAS deslocar-se de modo que
retorna a
, agora com nível de preços menor.