Sobre valoração ambiental, responda os itens a seguir:
a) Quais as principais argumentações da Economia Ecológica, explicando porque ela tem sido denominada de Sustentabilidade Forte (1pt)?
b) O GDF (Governo do Distrito Federal) apresenta um projeto para construção de um centro de artesanato que ocupará 10% da área do Parque Nacional (no entorno do reservatório Santa Maria que é manancial de abastecimento de água do DF). Analise essa proposta, dentro da perspectiva da Avaliação Econômica do Meio Ambiente sugerindo custos, benefícios e técnicas que devem ser considerados na análise. (2pt)

Passo 1

O enunciado trata de valoração ambiental em dois contextos principais: (i) as posições da Economia Ecológica, que sustentam a chamada “Sustentabilidade Forte”, e (ii) a Avaliação Econômica do Meio Ambiente aplicada a um projeto real do GDF, de um centro de artesanato ocupando 10\% da área de um Parque Nacional. Para resolver, vamos primeiro expor a teoria da Economia Ecológica e em seguida usar instrumentos de avaliação econômica ambiental (custos, benefícios e técnicas).

Passo 2

As principais argumentações da Economia Ecológica e o porquê do rótulo “Sustentabilidade Forte” são:
  • A biosfera tem limites físicos e ecológicos intransponíveis: recursos naturais e serviços ecossistêmicos (regulação climática, purificação da água, ciclagem de nutrientes etc.) não podem ser ampliados indefinidamente pelo capital humano ou tecnológico.
  • Há pouca ou nenhuma substituibilidade entre capital natural e capital construído: certas funções ecológicas são únicas e irreversíveis (por ex., extinção de espécies, lossof sink capacity).
  • Defendem que o estoque de capital natural deve ser mantido ou aumentado (não apenas o fluxo de recursos) para garantir a herança intergeracional.
  • Rejeitam a visão neoclássica de substituição “fraca” (onde capital natural e humano são perfeitamente intercambiáveis) e adotam a “sustentabilidade forte”, que exige manter intacto um núcleo mínimo de capital natural essencial à vida.

Passo 3

Para analisar o projeto do GDF (centro de artesanato em 10\% do Parque Nacional), identificamos:
  • Custos diretos e indiretos:
    • perda de habitat e biodiversidade na área ocupada;
    • redução de serviços de regulação hídrica e de tratamento natural de água do manancial Santa Maria;
    • custos de mitigação (reflorestamento, corredores ecológicos) e monitoramento ambiental;
    • impactos paisagísticos e sobre uso público (lazer e recreação).
  • Benefícios diretos e indiretos:
    • geração de empregos locais e renda extra para artesãos;
    • incremento do turismo cultural e receita fiscal para o GDF;
    • valorização imobiliária em áreas próximas ao centro;
    • efeitos educacionais e de conservação cultural.

Passo 4

As técnicas de avaliação econômica ambiental a serem aplicadas incluem:
  • Análise de Custo-Benefício (ACB) para comparar fluxos monetários trazidos a valor presente.
  • Métodos de valoração indireta:
    • Custo evitado (estimativa do valor do serviço de tratamento natural de água substituído);
    • Custo de viagem (para capturar o valor recreativo perdido ou ganho pelos visitantes);
    • Preços hedônicos (para quantificar a valorização imobiliária próxima ao parque).
  • Métodos de valoração direta:
    • Valoração Contingente (questionários para apurar disposição a pagar por conservação ou uso do centro);
    • Experimentos de escolha (Choice Experiments) para estimar preferências por atributos ambientais e culturais.
  • Análise multicritério para incluir dimensões qualitativas (biodiversidade, valores de existência, cultura regional) que nem sempre são capturadas em valores monetários.

Resposta

a) A Economia Ecológica sustenta que há limites ecológicos irreversíveis na biosfera, que capital natural e capital construído não são perfeitamente substituíveis e que é preciso manter intacto um estoque mínimo de capital natural para garantir a sustentabilidade intergeracional. Por isso fala-se em Sustentabilidade Forte: exige-se proteção rigorosa do núcleo dos ecossistemas, não apenas o equilíbrio de fluxos de recursos.
b) Na Avaliação Econômica do Meio Ambiente para o centro de artesanato no Parque Nacional deve-se:
  • Identificar e mensurar custos diretos (perda de habitat, serviços de água, mitigação) e indiretos (impactos paisagísticos, recreativos).
  • Mensurar benefícios diretos (renda, empregos, receita fiscal) e indiretos (educação ambiental, valorização imobiliária).
  • Aplicar uma Análise de Custo-Benefício, complementada por métodos de valoração indireta (custo evitado, custo de viagem, preços hedônicos) e direta (valoração contingente, choice experiments), além de análise multicritério para valores não monetários.

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